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Você está pronto para ser mais otimista?

As pessoas costumam ser otimistas consigo próprias, quando pensam sobre os acontecimentos do seu quotidiano, você já reparou nisso?


Muitos de nós confundimos o otimismo com a esperança, e realmente eles são bem parecidos, mas enquanto a esperança é acreditar que algo vai dar certo, o otimismo se caracteriza por acreditarmos que um bom resultado, além de possível, é provável.


É claro que o otimismo em excesso pode ser prejudicial, pois pode nos levar a não enxergamos os riscos envolvidos em todas as situações, mas utilizando o otimismo a nosso favor e também entendendo o papel do pessimismo nesse contexto, podemos equilibrar esta balança e tomarmos as melhores decisões.


A grande questão é sabermos como nosso cérebro aprende a ser otimista e como usamos o otimismo a nosso favor.


O Otimismo na Psicologia Positiva


O adjetivo “otimista” pode ser descrito como uma atitude mental com tendência a ter uma visão positiva e favorável sobre as situações da vida, fazendo com que uma pessoa otimista seja mais propensa a esperar um resultado positivo do que negativo. Ou seja, o otimismo nos faz antecipar o melhor resultado possível em qualquer situação.


Ter um pensamento positivo traz consigo uma série de benefícios uma vez que os otimistas também conseguem ver oportunidades em situações adversas. Diferentemente dos pessimistas, eles ainda esperam por um resultado positivo, mesmo que as condições não sejam as melhores.

Por meio de uma atitude positiva podemos atravessar e superar de forma mais leve as nossas dificuldades.


Otimismo X Pessimismo


Segundo Martin Seligman (2019), ser Otimista ou Pessimista depende do modo como pensamos e explicamos os fatos negativos que acontecem em nossa vida e aos quais muitas vezes não temos controle: “A vida inflige os mesmos contratempos e tragédias ao otimista e ao pessimista, mas o otimista suporta-os melhor.” (SELIGMAN, 2019, p. 259).


A forma como explicamos os eventos é uma forma de pensar que aprendemos na infância e na adolescência e se origina da nossa forma de enxergar nosso lugar no mundo. É a partir daí que nos tornamos otimistas ou pessimistas.


Tanto quanto para o estilo explicativo otimista, quanto para o pessimista, existem três dimensões fundamentais a serem consideradas: a Permanência – que diz respeito aos fatos serem contínuos ou transitórios; a Abrangência – que se refere aos fatos serem universais ou específicos; e a Personalização – que diz respeito à percepção dos fatos terem sua causa interna ou externa, como afirma Seligman:


Os otimistas tendem a considerar seus problemas passageiros, controláveis e específicos de uma determinada situação. Os pessimistas, ao contrário, acreditam que seus problemas vão durar para sempre, vão afetar tudo o que fazem e são incontroláveis. | (SELIGMAN, 2019)

Para termos uma vida bem sucedida podemos supor que precisamos tanto do otimismo quanto do pessimismo, mesmo que ocasional.


Certamente no balanço entre o otimismo e o pessimismo o lado otimista leva vantagem, mas em certas situações precisamos do pessimismo para aguçar nosso senso de realidade, nos levar a pensar duas vezes evitando atitudes impulsivas ou inconsequentes.


Benefícios do otimismo em nossa vida


Como os otimistas tendem a esperar bons desfechos no futuro, sua autoconfiança é maior, acreditam no seu poder de controlar as situações e promover mudanças para melhor.


Quando somos otimistas nossa capacidade de recuperação frente às adversidades é maior e mais rápida, nossa resiliência nos habilita a ter mais conquistas e realizações tanto pessoais como profissionais.


Os otimistas geralmente adotam estilos de vida mais saudáveis, com escolhas melhores, além de lidar com o estresse de maneira mais eficaz.


Estudos recentes apontaram que o otimismo está ligado a uma vida mais longa. Com a análise de mais de 70 mil pessoas cujo otimismo e saúde geral foram acompanhados por mais de 30 anos, os pesquisadores concluíram que as pessoas mais otimistas têm um aumento de 11% a 15% em sua longevidade se comparadas com pessoas menos otimistas, elevando assim sua expectativa de vida para 85 anos ou acima.


Neurociência e otimismo


Agora que já sabemos o que é o otimismo e como ele pode ser benéfico em nossas vidas, gostaria de apresentar algumas informações relevantes sobre o otimismo e o nosso cérebro.


Tali Sharot, doutora em psicologia e neurociência pela New York University e pesquisadora da University College London, estudou como o otimismo está programado em nosso cérebro. Segundo Sharot (2015. p. 17), o viés otimista é “a tendência a superestimar a probabilidade de viver eventos positivos no futuro e subestimar a probabilidade de viver eventos negativos”.


De acordo com seus estudos, a explicação para o viés otimista está parcialmente relacionada a fatores genéticos e físicos. Em suas pesquisas, Sharot também constatou que o otimismo pode estar conectado aos alelos longos do gene transportador de serotonina.

Entretanto, mais importante do que entender que o otimismo está parcialmente relacionado a fatores genéticos, é saber que devido a nossa neuroplasticidade podemos aprender a ser otimistas. Quer saber como?

O que fazer para desenvolver o otimismo?


Todos queremos ter uma vida de bem-estar, realizações e felicidade, mas isso não significa que precisamos estar o tempo todo otimistas. É normal passarmos por momentos e situações que desencadeiam emoções e sentimentos desconfortáveis.


A questão é não olhar somente para o lado ruim das coisas. Podemos aprender a ver as situações adversas de uma maneira mais positiva, com algumas práticas que promovem novas sinapses e caminhos neurais.


Segundo Seligman (2019) podemos aumentar nosso domínio sobre a forma de pensar as adversidades, sem, no entanto, ficarmos escravos do otimismo cego. Trata-se de desenvolvermos o otimismo flexível.


Baseado na teoria dos três Cs (contrariedade, crença e consequências) do psicólogo Albert Ellis, Seligman (2019) afirma que quando nos deparamos com contrariedades reagimos pensando sobre elas e nossas reflexões se transformam em crenças, que nos trazem consequências. Então o primeiro passo para desenvolvermos o otimismo flexível é percebermos a ligação entre as contrariedades, crenças e consequências, para num segundo momento percebermos como elas interferem em nosso cotidiano.


Seligman propõe que precisamos contestar as nossas crenças que levam ao desânimo e à passividade e afirma:


Geralmente nossas crenças negativas são meras distorções. Trate sempre de questioná-las. Não deixe que manipulem sua vida emocional. Ao contrário de fazer dieta, é fácil manter o otimismo adquirido depois que você consegue exercitá-lo. Quando se adquire o hábito de contestar as crenças negativas sua vida diária transcorre bem melhor e você fica muito mais feliz. | (SELIGMAN, 2019, p. 286).

Outros fatores importantes para aumentarmos nosso pensamento otimista é diminuirmos o individualismo e aumentarmos nosso senso de sentido e propósito. Podemos praticar a gratidão, registrando diariamente os eventos positivos do nosso dia.


Uma maneira de também nos conectarmos com um sentido e propósito maior e diminuirmos o individualismo, é praticarmos a generosidade. Podemos doar nossa atenção e nosso tempo ao outro, simplesmente ouvindo genuinamente suas inquietações. Doar roupas, alimentos, entre outros, também funciona como uma prática que nos conecta enquanto seres humanos e nos ajuda a ter uma visão mais positiva do futuro.


Conhecer o otimismo, como ele funciona em nosso cérebro, seus benefícios e como ele pode ser desenvolvido, é uma grande vantagem na busca de uma vida plena e feliz uma vez que podemos optar por usá-lo quando acharmos que ele é a melhor opção.


O otimismo certamente não é um estado permanente e cego, e compreender nossos ciclos de alternância entre o otimismo e o pessimismo nos ajuda a manter um maior equilíbrio emocional, assim como a tomarmos as melhores decisões.


Depois de descobrir tudo isso, você está pronto para se tornar mais otimista?

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